sábado, 11 de junho de 2011

Alguém para esquecer


A vida afetiva de uma lésbica é resumida pela matemática pura. Como cada uma tem os seus próprios números, só posso usar o meu caso para exemplificar.

- São 8 meses de convívio contínuo para eu enjoar de alguém;
- Demoro de 12 a 18 meses para desencanar de uma paixão mal-sucedida;
- Me apaixono a cada 24 meses

Por que começamos com essa matemática? Porque se você for parecida comigo e se der mal logo no começo do ano em que você deveria se apaixonar, você está fudida!

Toda lésbica tem ou terá um caso mal resolvido. Sei que existem várias que conseguem pular de uma paixão para outra sem olhar para trás e, sinceramente? Eu as invejo!  Porque as meninas que fazem parte do mesmo grupo onde me encaixo são sofredoras profissionais. 

Nós sofremos, nós amamos, nós queremos entender onde tudo se perdeu, o que significamos para ela, nós queremos de volta e também queremos saber por que ela não volta (mesmo a menina tendo feito da nossa vida um inferno).  


Mas a pior parte de se ter um caso mal resolvido é a solidão mental. Porque enquanto você sente aquela saudade, a dor-de-cotovelo, você não pode compartilhar com ninguém. Porque se alguma das suas amigas descobre que você ainda gosta daquela fulaninha, é capaz de haver um linchamento em praça pública. Na verdade, só você entende aquilo que sente. Os valores da fulaninha podem não ser bons para as suas amigas, mas para você não importa.

Toda balada que vamos, é uma nova esperança de encontrá-la “por acaso”.  E não adianta conhecer uma nova pessoa nesse meio tempo, são criadas milhares de comparações com a sua amada. Sem falar nas coisas que te fazem lembrar ela. É aquela música que você a viu dançar uma vez, é alguém no bar usando o mesmo perfume, é o tom de cabelo de outra menina que parece o dela. Não adianta, por mais que você corra, o bicho pega!

Quem sabe um dia você não descobre finalmente que ela não tinha nada a ver com você, e que realmente os valores eram muito diferentes. Aquilo que você julgava ser mágoa da parte dela, era na verdade falta de caráter. Ou então, que simplesmente não era para ser.

Mas enquanto não passam os 24 meses, não se desespere minha amiga. Não inventaram ainda um remédio para a fossa, assim como não inventaram um para a ressaca, mas ambas as sensações passam por mais difíceis que possam parecer no momento! 


DOIS PALHAÇOS

Texto escrito em 12/2005

Noite de Dia dos Namorados, você resolveu sair com os amigos pra mostrar para todo mundo que você não está nem ai para esta comemoração. Tá um frio na rua de cortar os lábios, mas dentro do bar que você está o clima é bem caloroso. As pessoas estão animadas, envolvidas com a festa e querendo conhecer alguém. Mas você não. Você não liga pra essas coisas, afinal a sua melhor companhia sempre foi você mesma.

Você roda pelo lugar com aquela cara de solteira incorrigível, flertando com todo mundo, mal sabem elas que o seu único desejo era estar com aquela pessoa que não te quer, mas ninguém precisa saber disso, afinal é uma puta balada, com muita mulher bonita… 

Com um sorriso no canto da boca, você caminha até o banheiro. Uma fila pequena te faz esperar alguns minutos, o que não é nenhum incômodo porque assim você tem um motivo para ficar observando se existe alguém interessante por ali. 

Ao desviar o olhar da multidão você nota um quadro do Chaplin na parede, aquele famoso em que ele está na sarjeta com cara de triste, você não consegue se lembrar de qual filme se trata, mas fica curiosa, pois o Chaplin que você conhece era um comediante, por que ele estaria triste? Depois de um tempo você repara que estão com o mesmo semblante, será que alguém mais havia percebido isso? Não importava.

Você volta estarrecida para a sua mesa, já não olha mais pra ninguém, a lembrança daquela pessoa se torna ainda mais forte. Você se senta e dá um gole naquela bebida que já perdeu o gosto, quando ela desce pela sua garganta você se lembra do Chaplin na parede e na sua expressão, um palhaço triste e uma triste palhaça…. a sua cara e a dele….dois palhaços.

3 comentários:

  1. Muito sensível o texto, achei lindo. Continuem!!

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  2. é meninas.. vcs escreveram exatamente oq passei a pouquissimo tempo, e vcs acompanharam, e eh bem por aí.. a vida continua! saudade! bjos e feliz dia dos namorados...

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