Quando começou o
burburinho a respeito do filme “Azul é a cor mais quente”, logo pensei que se
tratava de um novo “E o Vento Levou” versão lésbica. Porque, pelo tanto que
comentaram, tinha que ser um filme muito do foda. Que baita decepção! Resolvi
escrever aqui no blog a crítica, porque toda amiga que tenta fazer isso no
Facebook é apedrejada pelas outras que amaram o filme.

Mas vamos a
cornetagem!
Primeiro, pra que
fazer um filme de 3 horas de duração, meu Deus? O filme já é francês, cujo
idioma tem uma sonoridade chatíssima, o que fez a minha orelha sangrar só de
ouvir os diálogos filosóficos entre as protagonistas, como o de Sartre, por
exemplo. Por falar em Sartre, muito me espanta na França saber que aos 15 anos
elas já são capazes de fazer debates calorosos a respeito.
Outra coisa que me incomodou demais foi a falta de
conhecimento do mundo lésbico, e até mesmo feminino, por parte de quem escreveu
o roteiro. Como na cena do bullying na porta do colégio, quando as amiguinhas
da francesinha confusa começam a apavorar porque ela é lésbica. Gente, desde
quando mulher fala mal da outra na cara? No mundo real, a colega filha da puta
falaria mal da menina para uma amiga, que contaria para uma segunda amiga e
essa para uma terceira, e depois de rodar o colégio inteiro a informação, uma amiga
falsa chegaria na menina e diria: olha,
sem querer passar fofoca adiante, mas tão falando que você é sapatão.
Segundo fato não realista: elas terminam o namoro uma
vez só. Isso deve acontecer na França, mas no Brasil as lésbicas terminam o
namoro e reatam pelo menos 15 vezes antes de romperem de verdade. Não me venham
dizer que foi por conta de uma traição e que isso é pesado. Já vi casais que
saíram na mão, uma quebrou o carro da outra, xingaram a mãe uma da outra e no
dia seguinte estavam almoçando juntinhas em algum bar fuleira na Vila Madalena.
Sobre a história em
si, quantos filmes já mostraram esse mesmo ponto de vista? A hétero que
conheceu uma sapata e se apaixonou e depois a abandonou/ traiu/ se matou/ fugiu/
foi fazer mercado, etc? Isso é mesmice pura. Posso listar vários filmes com
esse mesmo enredo, mas to com preguiça. Quando vão fazer uma história de
lésbicas mulheres adultas com algum conflito realmente diferente da dúvida
sexual? Retratar a mulher lésbica se resume a isso apenas? Daqui a pouco vão
criar uma versão lésbica de Hamlet só para reforçar a frase “Ser ou não ser,
eis a questão” durante 3 horas seguidas. Bom, pelo menos seria mais original.
Fico impressionada
como o cinema tem MEDO de mostrar mulheres que gostam de mulheres de uma forma
NORMAL, então sempre preferem abordar o tema através de personagens
adolescentes, assassinas, artistas excêntricas, ou mulheres perturbadas
psicologicamente. Nunca é uma advogada, bancária, empresária.
Aliás, isso me traz
à mente outro ponto. Porque tem que ser sempre trágico? Lembro-me de outro
filme famoso, “Assunto de Meninas”, que uma se mata no final. Tudo muito
dramático, como se entre duas mulheres a relação sempre tem que ser
perturbadora e levar ao mesmo fim: à desgraça! Melhor exemplo disso, apesar de
ser um PUTA filme: “Meninos não Choram”. O único que eu recordo ter um final
bonitinho é o inglês “Imagine Eu e Você”. Ainda assim, o filme retrata o velho clichê da
hétero que se apaixona por uma sapa e blá blá blá.
O ponto onde eu
quero chegar é: as relações héteros não são todas maravilhosas, mas existem
filmes da Sandra Bullock e Julia Roberts que nos fazem acreditar nisso. Então
porque não podem existir filmes lésbicos bacanas e com um final feliz e uma
história interessante?
Azul é a Cor Mais
Quente é longo, chato, mais do mesmo e infantil. Preferia ter visto novamente a
trilogia completa do filme O Senhor dos Anéis.
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