terça-feira, 29 de maio de 2012

Casamento lésbico é falta de tijolo??

Nesse final de semana, duas pessoas me disseram que eu precisava sair da  casa da minha mãe. Mas o argumento para tal iniciativa não foi o fato  de eu poder, com isso, correr pelada pela casa ao sair do banho imitando a Tina Turner. Não foi o fato de eu poder transar na mesa da cozinha ou no quartinho da empregada. Não. O propósito seria sair de casa para poder casar. Mas que caganeira mental é essa de que TODA lésbica tem o sonho dourado de casar???


Na minha infância eu brinquei muito com TIJOLO! Como a gente passava as férias na casa de praia e lá sempre tinha algo em construção, eu brincava  de montar alguma coisa com os tijolos, casinha para o cachorro, um quartel para o meu exército de formigas, etc, Acho que é por isso que eu não tenho esse desespero dentro de mim, em ter a minha casa com outra pessoa. Também brinquei muito de Barbie, tive  o castelo do He-Man, e a casa da Moranguinho, ou seja, brinquei muito de casinha! Só posso concluir que tudo isso é falta de tijolo!

E sabe o que é o pior? É o ar de superioridade toda vez que eu converso com alguma amiga/ conhecida que já tenha casado. Sabe na época da escola quando as amiguinhas competiam para ver quem tirava a maior nota? Na hora da entrega dos boletins uma desgraçada perguntava: quanto você tirou em matemática? E a sua nota era 4 e a dela 9.5? É assim que eu me sinto, desconforável e inferior por algo que eu nem ao menos quero, assim como eu nunca quis ter nenhuma profissão relacionada à porra da matemática! Parece que toda sapatão que já casou tem um MBA, doutorado e mestrado em ser sapatão. 

Veja bem, aqui respeitamos demais a instituição do casamento. Mas talvez exista no meio das mulheres uma certa banalização do ato de juntar os trapos. Primeiro que, legalmente falando, ninguém nunca foi casado. Segundo que, na época dos meus pais, juntar os trapos era algo muito sério! As pessoas namoravam 5,6,7 anos para ter a certeza de que aquela pessoa era realmente "A" escolhida. Hoje em dia qualquer pessoa pode ser dita como especial. Há esse desprendimento em se conhecer, saber se encaixa a rotina. É  um Deus nos acuda tamanho, que as pessoas vão morar juntas após se conhecerem há apenas 3 meses!! E tudo isso só para pode exibir o boletim com a nota superiror. Uma nota que talvez nem valor tenha para quem está olhando...

Sei de casos de mulheres que já se mudaram tanto que têm até um moço da carreta "de confiança". Que procuram ter poucos móveis no caso de ter que sair mais uma vez de casa. Outros que, quando a pessoa chegou em casa não tinha mais nem cadeira para sentar, porque a nega foi embora e roubou tudo o que tinha dentro da casa. Tem ainda as que sairam no tapa por causa de uma TV ou um notebook, na hora de ver quem ficaria com o que. E vale falar das meninas que ficam, pedem em namoro e depois de uma semana já colocam uma aliança no dedo, e já começam a procurar apartamento para morar.


Gente, compromisso é coisa séria! Não é pegar um tijolinho e colocar um em cima do outro e pronto, temos uma casinha! Compromisso é dinheiro, é aluguel, é cheque caução, é IPTU, IPVA, é cartório, é condomínio, é luz, gás, é cotidiano, é o dia a dia, é o mau humor, é pai, é mãe, é parente que vem visitar. E eu só listei aqui as dificuldades, porque só quem ama mesmo é capaz de superar essa rotina! E veja bem, menos da metade das mulheres que você pensou ser o amor da sua vida, sequer chegaram perto de merecer esse título e você ainda carregou toda a sua vida em uma mochila para ir morar junto. Isso não é amor, isso é patético. Não aos nossos olhos daqui do blog, mas aos olhos de quem realmente sabe o quanto é importante tomar essa decisão.

Então, se realmente quisermos que o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo passe a ser oficial e respeitado pela sociedade, primeiro precisamos parar de tratar o assunto como uma brincadeira de criança ou de um mero status de Facebook. Se nem toda pessoa que conhecemos está apta a fazer parte do nosso ciclo social, imagina abrir as portas de casa?




2 comentários:

  1. Viu, só! Temos a mesma sabedoria que o Ney!!! Já ouvi essa piada também, e concordo com vc, nossa vida é um império e temos que saber bem quem pode entrar!

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  2. Gosto tanto da minha liberdade e também do meu refúgio, que não sei se seria capaz de "entregá-los" assim, de repente, à alguém. Acho que esse processo levaria anos mesmo se houvesse MUITO amor envolvido, hahahah.

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