terça-feira, 24 de maio de 2011

Descoberta


















Fazia pouco tempo que eu havia entrado no “mundinho GLS”. Na verdade, naquela época o mundo GLS se resumia a 3/4 boates para gays e um bar para lésbicas.  Não havia tantas opções como nos dias de hoje. E, como a minha única referência homossexual era um menino mais novo, que eu havia conhecido há apenas alguns meses, não me restava outra opção a não ser acompanhá-lo nos lugares voltados ao público masculino.

Eu ainda estava naquela fase do “eu gosto de meninas, mas beijo homens nas baladas”, e em uma dessas que a gente ia com mais freqüência, eu ficava com seguranças, barmen, o carinha da chapelaria, mas mulher que era bom nada. Aliás, nesse tempo eu só tinha beijado umas 3 meninas.

Um dia o meu amigo me avisou que a sua amiga da faculdade e o noivo dela iriam nos acompanhar na balada. Até achei legal termos mais companhia para variar. Os dois eram bacanas, mas não me atraíram em nada, sexualmente falando. O cara era médico e meio “metido a emergente”, pagou um monte de bebida cara para todo mundo a noite inteira.

Foi então que começaram as brincadeiras. Papo vai, papo esquenta, todos já estavam mais descontraídos, já nos conhecíamos profundamente (o jogo da verdade torna as pessoas intimas!) e alguém teve a ideia de brincar de “passa o beijo”. A brincadeira consistia em beijar (de selinho) a pessoa que estava ao seu lado e essa pessoa beijava quem estivesse do outro lado dela, consequentemente. Eu estava sentada entre os dois garotos, ou seja, mais uma vez só ia beijar macho.

Um deles começou a tumultuar para que as únicas pessoas que não tinham se beijado, se levantassem e se beijassem. Ou seja, eu e a menina! Tímida que eu era me levantei como se estivesse indo para o corredor da morte. Tava na maior dúvida se ela queria mesmo ou se estava apenas sendo pressionada pelos meninos. Mas, determinadamente, ela se levantou e me deu um puta beijo. Nada parecido com o da brincadeira de minutos atrás. Depois disso meu amigo saiu de cena e comecei a curtir a noite com o casal. Confesso que estava muito legal ficar no meio de duas pessoas, recebendo todas as atenções e me sentindo desejada.

Não sei como (a vodka não permitiu que eu lembrasse depois do ocorrido) eu fui parar na casa do cara no meio da madrugada. Era um apartamento bem pequeno e só tinha um quarto. Deitamos os três na cama e começamos a bater papo, sem malícia. Apesar de um pouco apreensiva, eu tinha certeza de que não ia rolar nada demais naquela noite. Foi quando a menina começou a dar um chilique porque o condicionador de cabelo dela havia acabado! No meio daquele surto, eu só pensava “quem precisa de condicionador as 3 da madrugada??”. De saco cheio do escândalo, o cara resolveu sair para comprar o condicionador na farmácia 24hrs.

Eu não sei se o casal tinha combinado isso, mas foi algo nível Broadway! Uns 30 segundos após o noivo sair, a menina pulou em cima de mim e com apenas uma mãozada conseguiu desabotoar a minha blusa por inteiro (sem arrebentar os botões!). Até hoje eu tento reproduzir essa proeza, mas nunca tive sucesso.

Na hora fiquei com medo de não agradar por não saber o que fazer. Mas a menina foi dominando a situação de um jeito que, mesmo sem saber, acabei fazendo.  A química entre os corpos de duas mulheres é algo indescritível. Vem da pele uma suavidade brusca,  um toque constante e próximo. Foi incrível, corpos imperfeitos fazendo aquilo tudo com perfeição.

Fui descobrindo cheiros, texturas, gostos e sensações que nunca havia experimentado antes. A cada beijo, a cada palavra, vinha uma sensação diferente e nova. A voz suave, a pele sensível, as formas, o toque… Meu deus, por que eu demorei tanto para descobrir tudo isso?!

Mesmo sem nunca ter feito nada parecido, percebi que todos os meus movimentos saiam de forma natural e espontânea. Naquele momento, eu percebi que nunca havia me sentido tão confortável e segura. Não tinha nada que eu não quisesse fazer. Queria sentir tudo! Tudo o que fosse possível naquele momento. O mundo inteiro estava ali, no meio dos nossos beijos, nossos abraços, nosso suor, dos nossos cabelos, no meio das nossas mãos. E eu percebi que a minha vida, dali para frente, não seria mais a mesma. Não depois de descobrir o que me fazia sentir inteira. Completa. Não depois de descobrir quem eu era de verdade.

Não lembro como cheguei em casa no dia seguinte. Só sei que acordei com a certeza de ter tido a melhor experiência sexual da minha vida até aquele momento.

3 comentários:

  1. hahahahaha!!!

    a regra é clara: levou pro matadouro, tem que abater!!!!

    SC

    ResponderExcluir
  2. demais! amei o post. se for verdade, que incrível! se for ficção, escreva mais nesse estilo pq vc arrasa

    ResponderExcluir
  3. Muuuuuuuuuito legaaaal.....senti o mesmo!

    ResponderExcluir